Memória de África

Por Paulo Dias Figueiredo, da Agência Lusa

Praia da Polana, Moçambique (colecção José dos Santos Rufino)
Praia da Polana, Moçambique (colecção José dos Santos Rufino)

Onze anos depois do lançamento, a biblioteca virtual do projecto Memória de África já conta com perto de 200 mil títulos considerados património comum de Portugal e dos países africanos lusófonos, e prepara-se para aportar ao Brasil.

 

 

Entre os últimos acrescentos ao espólio está a Colecção de Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique (1929), de José dos Santos Rufino, ou o acervo do Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe, onde se encontram, por exemplo, as fichas de identificação dos antigos colonos quando estes chegavam à colónia e outro tipo de documentação a partir da qual é possível traçar o percurso cronológico individual de um colono ou trabalhador desde a sua entrada na colónia até ao seu repatriamento.

Entre os documentos há mais tempo “resgatados”, na maioria de colecções particulares, é possível encontrar algumas curiosidades como o “O Meu Primeiro Livro de Leitura”, publicado na então Guiné Portuguesa, de meados do século XX, ou a Didáctica das Lições do Primeiro Ano do Ensino Primário Rural, da colónia de Angola.

“As pessoas percebem que a digitalização e disponibilização livre é um modo de homenagear e perpetuar o legado de muitos técnicos e quadros do Estado que escreveram livros e relatórios sobre muitos aspectos desses países e que se não forem tratados deste modo se perdem para sempre ou são apenas úteis a meia dúzia de pessoas que os conhecem”, afirmou à Lusa Carlos Sagreman, professor da Universidade de Aveiro, um dos responsáveis do projecto.

Um mês que vale um ano

Além disso, adianta, “nestes últimos tempos acolhemos múltiplos contactos de pessoas que gostariam de encontrar as obras que pais e avós escreveram quando estiveram nos hoje chamados PALOP e que estão referenciadas na base de registos”. Onze anos depois do lançamento (Outubro de 1996), “faz num mês o que fazia num ano de páginas vistas e visitantes”, referiu.

Em Setembro, o número de visitantes ascendeu a 21.355, para um total de 85.233 páginas visitadas, mais 50 por cento do que no mesmo período do ano passado. O total de registos aproxima-se dos 196 mil, dos quais mil estão em fase de validação.

“Todos os meses se acrescentam registos e páginas digitalizadas”, disse Sangreman, responsável do projecto financiado pela Fundação Portugal África, e em que participam o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) de Lisboa, além da Universidade de Aveiro, onde está o servidor que aloja a documentação digitalizada.

Memória de África

colecção de gravuras portuguesas